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domingo, novembro 24, 2024

Centro de Informações do Exército

O Centro de Informações do Exército (CIE) foi um serviço de inteligência do governo brasileiro durante o regime militar. Foi o órgão a propor a maior quantidade de censuras a material considerado subversivo pela ditadura e responsável por grande parte da estrutura da máquina de repressão do governo, tendo torturado centenas de cidadãos brasileiros.

História

Fase embrionária

Antes mesmo de se tornar presidente, o Marechal Costa e Silva clamava a necessidade de se criar um serviço secreto mais agressivo que o Serviço Nacional de Informações. Queria que o novo órgão não se restringisse a coleta de informação, mas tivesse também privilégios de polícia. O novo serviço coexistiria com o SNI e seria estruturado a partir do antigo Serviço de Informações do Exército chamado de 2ª Seção.

Os anseios do Marechal Costa e Silva foram barrados pelo Presidente Castello Branco que fazia parte do grupo mais brando de militares apelidado de Sorbonne, ao contrário de Silva, integrante da linha dura da ditadura.

A criação do CIE foi barrada enquanto durou o governo de Castelo Branco. Mas quando Costa e Silva assumiu a presidência por pressão da linha dura a criação do serviço foi sua prioridade.

Governo Costa e Silva

Dois meses depois da posse de Costa e Silva o CIE foi inaugurado em julho de 1967.

O presidente nomeou para primeiro diretor do CIE o coronel Adyr Fiúza de Castro, um conhecido radical. Fiúza era favorável ao uso de tortura, sobretudo psicológica. Quando de sua nomeação já ocupava um cargo de um serviço de inteligência do Exército; o D2 onde era encarregado de monitorar “subversivos”.

A especialidade do CIE nesse começo de função era infiltrar agentes em movimentos estudantis, sindicais ou qualquer outro de fundo liberal. Os agentes eram treinados para parecerem apoiar legitimamente a esquerda e suas verdadeiras intenções eram conhecidas por pouquíssimas pessoas dentro das Forças Armadas. Por conta disso, várias vezes sargentos a serviço do CIE eram presos pela polícia e liberados só depois de revelar uma senha combinada com os superiores.

Além de agir usando seu próprio pessoal, o CIE também patrocinou um grupo radical de direita conhecido como Grupo Secreto. Estes terroristas plantavam bombas em lugares considerados focos da esquerda, geralmente teatros e faculdades. O CIE lhes fornecia os explosivos e assessoria estratégica. Quando um integrante do Grupo era preso o CIE, o SNI ou um membro da própria polícia providenciava sua soltura.

Governo Médici

As prerrogativas do CIE foram reforçadas com a subida de Emílio Garrastazu Médici à presidência. Durante o governo Costa e Silva, Médici dirigia o SNI, o outro braço do serviço secreto da ditadura.

Foi nesse época que o CIE, agora sob o comando do coronel Milton Tavares de Sousa, se tornou o órgão que mais propôs censuras à televisão e imprensa escrita. Um dos jornais que vigiou ativamente foi o Opinião que contava com colaboradores como Fernando Henrique Cardoso e Millôr Fernandes. A intenção original do CIE era de que o jornal fosse não só censurado mas proibido de circular. No entanto, não conseguiu que isso fosse feito.

Durante o mandato de Médici o CIE conseguiu se infiltrar numa das maiores guerrilhas antirregime, a Ação Popular através do ex-militante Gilberto Prata. Prata foi levado a colaborar por chantagem; caso não voltasse a fazer parte da AP e suprisse o CIE de informações, ele, sua esposa e sua irmã mais nova seriam presos. Também foi pago em troca das informações.

O CIE trocava informações com a CIA constantemente. Foi assim que ficou sabendo do treinamento que o Grupo Primavera estava fazendo em Cuba. O Grupo Primavera – guerrilha que ficou conhecida depois como Grupo da Ilha – recebeu um treinamento paramilitar básico do governo cubano para em seguida voltar para o Brasil para tentar iniciar um foco de revolução. Infelizmente para eles, um dos instrutores era um informante da CIA que informou ao Centro de Informações do Exército a data em que os guerrilheiros pretendiam voltar ao Brasil. A maioria dos rebeldes do Grupo Primavera foi morta assim que chegou ao Brasil. Um dos poucos sobreviventes foi o ex-deputadoJosé Dirceu, atualmente condenado à prisão por corrupção.

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